Estimulador medular, ou estimulador epidural, é o nome dado à técnica cirúrgica realizada com o objetivo de diminuir ou aliviar os sintomas em pacientes com diagnostico de dor crônica refratária.
Atualmente, a estimulação epidural é um dos procedimentos cirúrgicos neuromoduatórios mais efetuados em todo o mundo. No Brasil, esta técnica é empregada há mais de 20 anos, observando-se uma importante evolução da tecnologia nestas últimas duas décadas. O termo neuromodulação é utilizado com o intuito de enfatizar o objetivo principal testas terapias, que seria a modificação da função de uma determinada área do sistema nervoso, de forma artificial e adaptada.
Embora muito seja comentado sobre a melhoria de equipamentos e conhecimento sobre seu uso, a explicação final sobre como estes aparelhos funcionam ainda não está totalmente desvendada. Uma das teorias mais aceitas datam da década de 60 do século passado. Segundo ela, existiria um portão regulador da dor, localizado na região posterior da medula espinhal (local na coluna por onde passam os neurônios), que controlaria a entrada de estímulos sensitivos, incluindo os estímulo dolorosos. Fibras nervosas de maior calibre, por onde passam sinais relacionados ao tato, uma vez estimuladas inibiriam a entrada de estímulos provenientes de fibras nervosas mais finas, estas relacionadas a comunicação de sinais dolorosos. Sendo assim, eletrodos posicionados na região posterior da medula espinhal, ou epidural, emitiriam impulsos elétricos, gerando a sensação de formigamento nas áreas dolorosas, diminuindo a percepção de dor.
A indicação mais aceita para o uso de estimulador medular é a chamada dor neuropática, ou dor proveniente da lesão direta dos sistema nervoso. Nelas estariam incluídas as lesões traumáticas de nervos periféricos, neuropatias inflamatórias, síndrome regional complexa, dentre outras. Pacientes em que a dor tem origem na lesão de outros tecidos que não o neural, dor nociceptiva, também poderiam se beneficiar deste tratamento. Dentre estes, dor lombar crônica refrataria seria uma das principais situações. Outras indicações menos comumente usadas, porem com possibilidades já comprovadas de bons resultados em casos selecionados, são as insuficiências arteriais periféricas e angina miocárdica.
Na seleção dos pacientes candidatos a esta terapia dois fatores principais devem se levantados: primeiro, falha do tratamento da dor realizado com o auxilio de especialistas por tempo prolongado e doses adequadas de diferentes medicações ou terapias menos invasivas, e segundo, ausência de doença psiquiátrica que inviabilize o manuseio do sistema de modulação.
Uma vez indicada a terapia pelo médico especialista, o paciente deve ter reais expectativas sobre o tratamento. Ele deve saber que o estimulador medular não tratará a causa de sua dor, mas sim irá reduzir um sintoma importante de sua doença. O objetivo inicial é aliviar em pelo menos 50% da sua dor original. E ainda, ele deverá saber conviver com um novo sistema, implantado em seu corpo, assim como ocorre com um marcapasso cardiaco.
O sistema é composto basicamente por duas partes: um eletrodo, que ficará em contato com a região posterior da medula espinhal, o portal da dor referido acima, no nível específico do local de sua dor (por exemplo, na região cervical se sua dor for concentrada nos membros superiores), conectado a uma segunda parte, o gerador, este implantado no subcutâneo do paciente. O eletrodo ficará encarregado de liberar a energia necessária para a modulação do sistema nervoso. O gerador por sua vez, será o reservatório da carga da estimulação, e também será o “cérebro” do sistema, por onde são realizadas as regulagens devidas da estimulação, através da aproximação de um controle externo.
O sistema poderá ser implantado em duas etapas. Na primeira, ou fase de testes, coloca-se apenas o eletrodo, conectado a um gerador externo. O paciente permanecerá com este sistema por um período que pode durar de 5 a 14 dias. Caso constate-se uma boa resposta com o tratamento, ou seja, redução de mais da metade da intensidade da dor, realizará a segunda etapa, desta vez para a implantação do gerador. Existe ainda a possibilidade de implantação de todo o sistema em apenas uma cirurgia, eliminando-se a fase de testes.
O tempo útil do aparelho é muito longo. Uma vez instalado o eletrodo, este poderá permanecer por toda a vida. Já os geradores necessitarão de novas cirurgias para sua troca quando a energia neles armazenada acabar. Dois tipos de geradores estão disponíveis atualmente. Aparelhos com apenas uma carga, que deverá durar de dois a cinco anos, dependendo da intensidade da estimulação, e os recarregáveis, que deverão ser trocados a cada 10 ou 20 anos, dependendo do fabricante. No caso dos recarregáveis, a energia é renovada por indução, aproximando o aparelho na pele onde o gerador está localizado. Esta manobra deverá ser realizada a cada dois a 15 dias, também dependendo do parâmetros da terapia.
Sendo assim, o estimulador medular aparece como mais uma opção de tratamento para os paciente que sofrem de dor crônica. Com tecnologia avançada e amplamente utilizada em todo o mundo, suas indicações podem aumentar com a realização de novos estudos científicos, buscando o alívio no sofrimento de mais pessoas. Para que isto ocorra, o acompanhamento com profissionais acostumados com esta técnica, bem como o real entendimento por parte do paciente, são questões fundamentais.
Clínica de Neurocirurgia: Quais Condições Exigem Cirurgia e Como é o Processo de Recuperação
Este artigo aborda em detalhes as principais condições que exigem neurocirurgia, como hérnias de disco, tumores cerebrais e malformações vasculares. Explicamos em que situações a cirurgia é indicada, como é o processo de recuperação e acompanhamento pós-cirúrgico, e quais são as complicações mais comuns e formas de preveni-las. A compreensão do processo cirúrgico e dos cuidados pós-operatórios é essencial para uma recuperação eficaz e uma melhor qualidade de vida.