Os aneurismas cerebrais são dilatações vasculares que se formam em uma área enfraquecida de uma artéria no cérebro, produzindo uma protuberância geralmente com um formato semelhante a um balão, cujo principal risco é romper e provocar uma hemorragia cerebral.
A grande maioria dos aneurismas cerebrais se desenvolvem ao longo de vários anos e não apresentam sintomas – até o momento que ocorre um rompimento. Quando isso acontece, ocorre um sangramento difuso pelas estruturas cerebrais que chamamos de hemorragia subaracnóide, que representa um quadro de extrema gravidade e riscos elevados, e requer uma rápida ação terapêutica para minimizar o risco de sequelas ou mortalidade.
Para se ter uma idéia da gravidade desses casos, as estatísticas demonstram que cerca de 15% dos pacientes com ruptura de aneurismas não conseguem chegar a um hospital para atendimento. A mortalidade nesses casos é de aproximadamente 40% seja por consequência direta do sangramento ou por complicações posteriores. Dos pacientes sobreviventes, até 66% apresentarão alguma sequela neurológica.
Quem tem risco de apresentar aneurismas?
Os aneurismas cerebrais ocorrem mais comumente em adultos entre as idades de 40 e 60 anos, no entanto, eles podem ocorrer em qualquer idade. As mulheres são mais propensas a serem afetadas que os homens.
Aquelas pessoas que apresentam fatores de risco individuais como Hipertensão Arterial, tabagismo e etilismo são consideradas com maior risco para apresentar aneurismas, bem como outras patologias vasculares.
Famílias que apresentam histórico de duas ou mais pessoas com aneurisma cerebral ou diagnóstico de doenças genéticas como Rins Policísticos, também apresentam risco aumentado.
Sintomas de um aneurisma roto
O quadro mais comum envolve um episódio de dor de cabeça com aparecimento súbito e com uma intensidade muito forte, de uma maneira que nunca havia sentido previamente, acompanhada geralmente de algum destes sintomas: visão turva ou dupla, uma pálpebra caída, uma pupila dilatada, dor acima ou atrás de um olho, fraqueza e / ou dormência em um lado do corpo, desmaios ou convulsões.
A pessoa que apresentar algum desses sintomas deve procurar atendimento de urgência e avaliação médica imediata.
Quando tratar?
Os casos de aneurismas que romperam devem sempre receber tratamento, devido ao elevado risco de novo sangramento e piora do quadro clínico.
Nos casos de aneurismas que nunca romperam, a indicação de tratamento depende de uma série de fatores, entre os quais estão o tamanho, formato, características anatômicas do aneurisma, bem como as características e riscos individuais de cada paciente.
Opções de tratamento
· Clipagem cirúrgica: A técnica mais tradicional, envolve a realização de uma microcirurgia para colocação de um pequeno clipe de titânio no pescoço do aneurisma para interromper o seu fluxo sanguíneo. Essa técnica obtém o resultado mais imediato pois a circulação do aneurisma é imediatamente interrompida e também mais segura, pois permite que complicações como o sangramento do aneurisma durante o procedimento sejam imediatamente tratadas. Apesar de mais tradicional, o refinamento das técnicas cirúrgicas empregadas atualmente permite que continue sendo o tratamento padrão para grande parte dos tipos de aneurismas encontrados. Isso se deve à utilização de microscópios cirúrgicos mais avançados e à realização de abordagens menos invasivas, que envolvem incisões e abertura do crânio menores e mais direcionadas
· Embolização: é um tratamento realizado através de cateterismo por dentro da circulação através do qual são colocadas delicadas molas que formam um novelo dentro do aneurisma, que interrompe a circulação no seu interior. O enrolamento tem taxas de recorrência maiores que a clipagem cirúrgica e, também, há um risco de ruptura durante o procedimento. Mas é a técnica indicada para aqueles aneurismas cuja anatomia favoreça a técnica e cujo risco de cirurgia seja considerado elevado.
· Desvio de fluxo. Esta abordagem envolve a colocação de um stent na artéria onde o aneurisma se origina para divergir o fluxo sanguíneo da entrada do mesmo. Isso faz com que reduza a circulação no interior do aneurisma e um trombo seja formado ao longo do tempo, obstruindo o fluxo do aneurisma e protegendo a artéria. Apresenta um resultado definitivo mais demorado que as demais técnicas e deve ser empregada em casos selecionados.
Quando procurar atendimento com um neurocirurgião?
Sempre é recomendado que a pessoa com um diagnóstico aneurisma cerebral procure consultar um neurocirurgião especializado em tratamento para aneurismas cerebrais, que trabalhe preferencialmente em equipe multidisciplinar que proporcione acesso a todos os tratamentos existentes, possibilitando que seja feita a melhor avaliação e a opção pela técnica mais adequada para cada caso.
Os pacientes que sobreviveram um sangramento por aneurisma cerebral, também, devem realizar acompanhamento continuado com um neurocirurgião, pois existe um risco do aneurisma voltar a se formar, ou de ocorrer o surgimento de um novo aneurisma em uma outra artéria cerebral ao longo dos anos seguintes ao tratamento.